Era um dia tão claro, tão diferente.
O calor do sol cinza nunca fora suficiente para acabar com o frio que sentia quando estava com ela: Obscura.
Mas alguma coisa estava mudada, eu não sentia mais angustia.
Só caminhava em direção ao horizonte a procura de não lembro o que.
Mas nesse meu mundo cinza, os dias praticamente não duram.
E logo anoitece até o céu igualar a cor de meus olhos.
"Vamos parar por aqui, eu preciso de um tempo." disse.
"Não precisamos correr, podemos aproveitar a sua alma." respondeu ela enquanto entrelaçava sua mão na minha.
Quase consegui a ver sorrir.
O que me assustava era como estávamos nos tornando uma só.
O quanto eu a aceitava cuidar de mim.
Como se por um instante, sua presença fosse agradável.
Sua maldade fosse boa.
Então eu apoiei minha cabeça em seu ombro.
Esperando meu sono chegar.
"Não importa o que você pense minha linda criança, sempre serei o seu demonio interior. Suas fraquezas me fortalecem, seus tropeços me alimentam. Eu jamais irei sorrir ao te ver sangrar. Porque eu te amo, porque eu me amo. E somente nós, podemos salvar uma a outra"
Obscura falava num tom tão baixo como se me induzisse a adormecer mais rápido. Eu tentei olhar para seu rosto. E seus olhos perdidos em qualquer lugar, pareciam tentar enxergar dentro dela mesma.