quarta-feira, 26 de março de 2014

Obscura VI

Eu não esqueço daquele olhar atirado a mim transbordando de indiferença e desaprovação.
Era insuportável imaginar aquela íra crescente de alguém prestes a me abandonar. Mas não posso culpa-la, minha medonha Obscura.

"Você me enoja, criatura desprezível. Como pôde?!? COMO!?! Te dei tudo. Meu amor, minha vida. Dividi o MEU mundo cinza. E agora tudo o que você faz, é trocar isso por esta lamentação continua e suja. Algum dia você foi minha, doce criança?"

Aquela pergunta martelou sem misericórdia em minha cabeça... Mas não havia resposta. O meu passado jamais fora vasculhado por mim ou vivido por ela. Talvez eu simplesmente não fosse digna de tê-la.

Ou talvez...

O improvável tenha acontecido. Obscura não parecia mais se alimentar de minha dor. Parecia sofrer com ela, por mim.
E o mais improvável ainda! Eu não queria que ela sofresse. Porque no fundo tive que admitir... A amava mais do que qualquer outra pessoa. Minha querida e amada, Obscura.