domingo, 28 de abril de 2013

O que sempre me resta.

O lago estava incrível, um perfeito espelho refletindo a incontestável beleza da lua cheia. Dominada pelo hipnotizante espetaculo, eu ouvi sussurros entre as árvores que estava por trás de mim.

"Tem alguém ai?"

Esperei sem sucesso por uma resposta. Deixei ficar tarde demais para voltar pra casa sozinha. Voltei e sentei no meu pequeno acampamento particular. Lembrando dos sussurros me veio uma sensação de medo. Mas o cansaço me venceu e eu adormeci por minutos. Pouco depois abri meu olhos e lá estava ela brincando com os restos da fogueira, vigiando meu sono: Obscura.

"Pensei que não a veria mais" Eu disse.

"Eu também"

Meus olhos começaram a arder como se fosse chorar. Mas ela começou a olhar para mim daquela maneira de sempre, como se quisesse arrancar todos os meus sentimentos, como apenas Obscura consegue me olhar. Ela se levantou e caminhou até mim, e então envolveu-me com seus braços e uma de suas mãos estava na minha nuca, quando ela começou a falar.

"Chore meu amor, dê-me esse prazer. Você não sabe o quanto eu gosto quando tudo o que você tem é a opção de alimentar minha maldade, me fazer pior do que sou, ou melhor, me dar total controle. Eu te amo tanto, agora você consegue ver isso de novo."

Suas palavras eram como espinhos em minha alma. Mas verdades são assim, elas machucam. E eu já estava quebrada.
Afastou-se um pouco e baixou os olhos mirando minha boca, e depois mirando novamente meus olhos eu mal pude reagir, quando ela me deu um beijo intenso, ardente, imundo de pecado. Como se enegrecesse meu coração mais uma vez.
Quando consegui abrir meus olhos já era tarde. O sol nasceu como todas as vezes antes de eu escapar dela. Eu havia voltado para nossa casa. Nosso mundo, o que me restava, o cinza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário